Alemanha, 1895. Tarde de outono na Universidade de Würzburg, Bavaria. Uma notável descoberta estava por acontecer no último andar do Instituto de Física, laboratório do professor de Física e reitor da universidade, Wilhelm Röntgen, então com 40 anos.

Utilizando uma ampola de Crookes – um tubo de vácuo feito de vidro e composto por duas placas metálicas nas extremidades -, Röntgen estudava os chamados raios catódicos – um feixe luminoso de elétrons resultante da aplicação de alta voltagem entre as placas – talvez à procura de raios que pudessem ser visíveis em uma tela fluorescente. Naquela tarde, o laboratório estava quase totalmente escuro, iluminado somente pela fraca luz que emanava da ampola. Röntgen, então, envolveu totalmente a ampola de vidro com uma grossa cartolina preta impermeável à passagem da luz e foi surpreendido pela tela fluorescente: ela acendeu! Quando interpôs sua mão entre a ampola e a tela, algo ainda mais espantoso sucedeu: ele enxergou os ossos de sua mão!
Muitos classificam esta como mais uma entre as numerosas “descobertas acidentais” da ciência. Ou terá sido a refinada percepção de uma mente brilhante e obstinada?
Foram sete semanas de trabalho intenso entre o tal “acidente” e a publicação da descoberta em 28 de dezembro de 1895 no volume 137 da revista Sitzungsberichte der Physikalisch-Medizinischen Gesellschaft in Würzburg, sob o título “Eine neue art von strahlen”. Menos de 1 mês depois, a revista Nature publicou o texto de apenas 2 páginas intitulado “On a new kind of rays”. Tamanho foi o impacto da descoberta, que esse novo tipo de raios, chamados de raios-X pelo próprio Röntgen para designar o desconhecido (“x”), rendeu ao eminente cientista o primeiro prêmio Nobel da Física em 1901, além de forte notoriedade na imprensa leiga, uma vez que a sociedade europeia ansiava por ser fotografada com a nova tecnologia.
Estes imperceptíveis mas poderosos raios deram à luz estruturas e doenças antes apenas vistas pelas mãos de um cirurgião. Apesar de seus potenciais danos à saúde, os raios-X trouxeram grandiosos avanços na Medicina, como o desenvolvimento da tomografia computadorizada, permitindo o diagnóstico preciso de um número incontável de doenças, e da radioterapia, possibilitando o tratamento e, por vezes, a cura de muitos tipos de câncer.
Passados exatos 121 anos da publicação de sua descoberta, Röntgen ainda vive.
Conheça o Core:
http://utilhealthcare.com/
É gratuito para médicos e outros profissionais de saúde:
E cadastre-se já:
https://core.utilhealthcare.com/#/solicitarAcesso
Referências:
Tubiana M. Wilhelm Conrad Röntgen and the Discovery of X-rays. Acad Natl Med 1996 Jan;180(1):97-108.
Kemp M. Röntgen’s rays. Nature 394, 25 (2 July 1998) | doi:10.1038/27790.
Colomina B. X-Screens: Röntgen Architecture. e-flux journal #66 – #66 – october 2015.
Curtir isso:
Curtir Carregando...